E copiar, vale?

Entre artistas plásticos é pouco comum falar da prática da cópia, algo mais comum à prática artesã da replicação seriada de suas próprias criações. Possivelmente, o incomum primeiro seja por receio de se configurar em plágio.

Todavia, para saber se uma cópia realizada de outro artista pode ser ética ou não, é necessário entender o contexto em que são produzidas. 

Na arte, assim como na expertise de precisão, o conhecimento prático surge da relação entre um mestre artesão e seu aprendiz. Algo imprescindível para quem quer se tornar sábio nesse setor. Que é ter uma orientação completa do ofício num relacionamento próximo com seu instrutor.

Neste sistema acima, é básico ao estudante, imitar o estilo do mestre. Contudo, o mestre orientador, buscará reforçar características peculiares do seu tutelado. No sentido deste se perpetuar na sua criação - diante de novas perspectivas que descubra no ambiente social e artístico inserido. Preferencialmente por sua autenticidade. 

Àqueles que não tiveram esse privilégio da 'guiança' presencial e tornaram-se auto didatas, ou seja, rebuscaram seu próprio modo de 'artear', para atingir um estilo próprio talvez, através de estudos em livros, exposições, cursos, etc. buscando se aprimorar; estes, neste caso, ao reproduzir alguma obra de terceiro, não cometerá plágio propriamente, mas, tão somente uma cópia de aprendizado. Caso, obviamente, não comercialize em série, sua reprodução. O que inclusive é direito autoral legal do criador original.

Contudo, as experimentações para atingir essa ideal de originalidade, podem ser intermináveis, visto o risco do "refazer a roda" ser uma constante. E embora uma obra original seja comumente óbvia, quando contemplada por uma maioria, esta, quando realizada, reflete também a expressão filosófica de vida de quem o orientou de algum modo. Direta ou indiretamente.

Entretanto e a princípio, sempre é possível pintar por cópias. Desde que seja um trampolim para a expressão mais singular às nossas próprias idiossincrasias.

As escolas de expressão dos últimos duzentos anos, dado nosso fácil acesso a seu registro histórico, podem ser um mestre indireto na construção de sua identidade visual, quer seja copiando obras no todo ou em partes, como estas que fiz abaixo, adaptadas de outros artistas.

Acrílico e pastel a óleo sobre tela - 2007

[que lembro acima, são duas imagens unidas numa só - reproduções de aprendizagem (mistas), com paisagem e elementos]

Pastel a óleo sobre papel - 2007

(reprodução direta de artista medieval do século XVII)

Acrílico sobre tela - 2008

(reprodução parcial  adaptada a estilo próprio)

Acrílico sobre tela - 2008

(reprodução parcial adaptada a estilo próprio)

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